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Foto do escritorCleise Souza

Amas me?

Ela é a segunda filha do casal. Veio de um sistema disfuncional, ou seja, quando criança não teve um pai que a abraçasse e a pegasse no colo a protegendo e nem uma mãe acolhedora.

Não cabe aqui julgar os pais, pois eles deram a esta filha tudo o que tinham para dar. E foram os melhores pais que ele pudera ter. No entanto, passava a sua vida toda procurando ser protegida e acolhida.

Equivocadamente, pensava que poderia encontrar o que sentia falta no outro .

E numa dessas sessões de regressão, descobriu que a adulta precisava curar a sua criança interior. E foi conduzida, juntamente com o seu mentor, levando os recursos internos de que dispõe para acolher a abraçar a criança ferida.

E, como nada acontece por acaso, num dia de domingo recebeu de uma amiga este texto transcrito abaixo, para encerrar com chave de ouro um processo que durou mais de 50 anos.

"Amas-me? Perguntou Alice.

Não, não te amo! Respondeu o Coelho Branco.

Alice franziu a testa e juntou as mãos como fazia sempre que se sentia ferida.

Vês? Retorquiu o Coelho Branco.

Agora vais começar a perguntar-te o que te torna tão imperfeita e o que fizeste de mal para que eu não consiga amar-te pelo menos um pouco.

Sabes, é por esta razão que não te posso amar. Nem sempre serás amada Alice, haverá dias em que os outros estarão cansados e aborrecidos com a vida, terão a cabeça nas nuvens e irão magoar-te.

Porque as pessoas são assim, de algum modo sempre acabam por ferir os sentimentos uns dos outros, seja por descuido, incompreensão ou conflitos consigo mesmos.

Se tu não te amares, ao menos um pouco, se não crias uma couraça de amor próprio e de felicidade ao redor do teu Coração, os débeis dissabores causados pelos outros tornar-se-ão letais e destruir-te-ão.

A primeira vez que te vi fiz um pacto comigo mesmo: "Evitarei amar-te até aprenderes a amar-te a ti mesma!"Lewis Carroll in "Alice no país das maravilhas".


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